Sociedade – mirante 17-09-2009
Urbanização de luxo vai ter hotel de quatro estrelas
Fernando Palha vai instalar clube de campo em Vialonga
| Loteamento aprovado em reunião de câmara após recuos sucessivos. Construtores espanhóis vão investir mais de 3,5 milhões de euros em infra-estruturas e acessibilidades. |
A Urbanização Villa Longa Country Club tem luz verde para avançar na freguesia de Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira. Fernando Palha, promotor português do empreendimento viu em primeira mão a aprovação do loteamento, por unanimidade, em reunião de câmara, após sucessivos adiamentos e uma negociação que levou o promotor a ter de assumir também a construção de um acesso que poderá revolucionar o trânsito naquela zona.
O empreendimento vai ficar situado em Santa Eulália, perto de uma das maiores Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI) do concelho, Fonte Santa. A construção da urbanização está condicionada à assinatura de um protocolo com a empresa Solvay, que explora as pedreiras existentes naquela área. O documento irá permitir ao promotor do empreendimento construir em terrenos privados um acesso, com vista a afastar da povoação ali próxima o trânsito pesado proveniente da pedreira e servir a urbanização em fase de construção.
Fernando Palha (filho), promotor da urbanização, não escondeu a O MIRANTE a satisfação pelo avanço do processo. O empresário, que protagonizou um processo de insistência com a Câmara Municipal de Vila franca de Xira, ao pedir ajuda à autarquia em sucessivas reuniões de câmara (ver caixa) garante que a urbanização vai ter “muita qualidade”.
O promotor relata como vai iniciar “um longo processo com milhões de euros de investimento em infra-estruturas”. Ao processo regressou uma dupla de empresários espanhóis da região de Córdoba que no início do ano tinha desistido do investimento. O empreendimento deverá incluir espaço para a construção de moradias com áreas entre 150 a 300 metros quadrados , uma praça que utilizará a energia solar para o funcionamento de equipamentos públicos, campos de ténis e um clube de campo com actividades desportivas motorizadas e pedestres. Para o local está prevista a construção de um hotel de quatro estrelas.
A construção da urbanização motiva desconfianças da parte da CDU, que ainda assim aprovou o projecto em reunião de câmara. O vereador Carlos Coutinho lamentou “a grande dimensão da urbanização” e exigiu a garantia que a construção da urbanização “fica absolutamente condicionada ao protocolo com a Solvay”. Já o vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), não tem dúvidas de que a urbanização vai “ser âncora para a qualificação de toda a Fonte Santa, que ainda tem muita coisa por fazer”.
O empreendimento Villa Longa Country Club é um projecto de condomínio fechado de luxo, que prevê a criação no local de habitação, um clube de equitação, piscinas, health club e recursos ligados aos desportos radicais e à arqueologia. A construção dos acessos, em terrenos que são propriedade da empresa Solvay, foi uma imposição da autarquia para a aprovação do loteamento que motivou um “braço-de-ferro” entre promotor e empresa. As obras ligadas a acessibilidades deverão movimentar cerca de meio milhão de euros, enquanto o loteamento deverá implicar um investimento de três milhões de euros, a cobrir pela Sociedade Imobiliária Herdeiros de Fernando Palhoto.
Um empreendimento de luxo com parto difícil
O percurso do loteamento Villa Longa Country Club atravessou três anos de dificuldades para a sua realização. Por sucessivas vezes houve elementos dos projectos rejeitados pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, entretanto corrigidos. A obrigatoriedade da construção de um acesso à urbanização alternativo à estrada que atravessa Santa Eulália, imposta pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, motivou uma negociação entre a autarquia, o promotor e a empresa proprietária dos terrenos. As dificuldades estavam no pagamento dos acessos e a construção de alternativas rodoviárias ao trânsito de veículos pesados, intenso naquela área.
Em Abril de 2008, Fernando Palha (filho) protagonizou uma reunião pública de câmara em que, no período reservado à intervenção do público, ameaçou a câmara com os tribunais, na sequência do chumbo do projecto inicial de acesso à urbanização. “Já passam 16 meses para lá do previsto para a aprovação. A solvência da empresa é um problema, apesar dos aumentos de capital e outros expedientes que temos vindo a utilizar. Ou acreditamos que é possível avançar ou teremos de accionar meios judiciais”, avisou então Fernando Palha.
A ameaça de Fernando Palha à câmara municipal surge na sequência de um apelo anterior, em Janeiro. O empresário sugerira à autarquia a expropriação dos terrenos da Solvay incluídos na alternativa de acesso proposta pelos construtores, com vista à sua compra posterior para servir a urbanização. Fernando Palha pedira também facilidades de pagamento para a concessão de alvarás e taxas de construção de infra-estruturas. A presidente, Maria da Luz Rosinha, não excluiu na altura a possibilidade de acordo com o promotor da urbanização. “A resolução das dificuldades pode configurar o pagamento das taxas em espécie”, referiu a autarca.
Após 12 anos a aguardar aprovação deste Executivo Camarário, impressionante como as coisas demoram neste Concelho...
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